Foto: Sérgio Lima/Poder 360
O presidente Lula (PT) está programando uma reunião bilateral com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante a cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em São Vicente e Granadinas. Esta será a segunda parada em sua viagem, que se inicia na quarta-feira (28) com sua participação como convidado na cúpula da Comunidade dos Estados do Caribe (Caricom) na Guiana.
A expectativa é de que o encontro entre Lula e Maduro ocorra no mesmo dia da cúpula da Celac, em 1º de março, em meio a críticas ao presidente venezuelano por suas ações que ameaçam o Acordo de Barbados. Este acordo visa garantir eleições transparentes na Venezuela ainda este ano.
Na semana passada, a saída de pelo menos 12 funcionários de um escritório local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) da Venezuela ocorreu após a determinação do governo para que deixassem o país. Essa decisão aumentou as preocupações sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela.
Em visita à Etiópia, Lula foi questionado sobre a medida, e respondeu aos jornalistas que não tinha “as informações do que está acontecendo na Venezuela, [sobre] a briga da Venezuela com a ONU”.
Outros elementos adicionam à inquietação de Lula sobre a execução do Acordo de Barbados, conforme relatado por assessores do presidente brasileiro. No final de janeiro, o Supremo Tribunal impediu a candidatura de María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, nas eleições presidenciais.
Em fevereiro, a ativista Rocío San Miguel foi presa, sendo rotulada como terrorista e traidora da pátria pelo governo Maduro. Além desses eventos, a disputa pela região de Essequibo, na Guiana, intensifica a tensão e a apreensão no Palácio do Planalto sobre a influência em Caracas.
No ano passado, Lula e Maduro discutiram a situação na região por telefone, onde o presidente brasileiro expressou seu desconforto. Agora, aliados de Lula acreditam que o encontro com Maduro servirá como um indicador da postura do Palácio de Miraflores em relação ao Palácio do Planalto.
Antes de viajar para São Vicente e Granadinas para se encontrar com Maduro, Lula buscará ouvir o outro lado da disputa, mantendo uma reunião com Irfaan Ali, presidente da Guiana. Além de buscar mediar o conflito, o Brasil procura ampliar o diálogo com o país vizinho, que se tornou um dos mais desenvolvidos na América do Sul devido à descoberta de petróleo.