As joias encontradas sob a cama usada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, na embaixada do Brasil em Londres, eram, na verdade, bijuterias, segundo o Itamaraty. Como revelado pelo Metrópoles, uma caixa de papelão com os objetos foi encontrada sob a cama do casal durante uma viagem oficial à Inglaterra, em setembro de 2022.
A caixa foi trazida ao Brasil por um militar da Ajudância de Ordens em um voo do escalão avançado (Scav), que prepara a chegada do presidente no seu destino, e colocada no cofre utilizado pelos ajudantes de ordem. Após autorização do tenente-coronel Mauro Cid, chefe da equipe e braço-direito de Bolsonaro, a caixa foi entregue no Palácio da Alvorada para uma assessora de Michelle no dia 21 de setembro.
As informações constam em e-mails de ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro, que foi a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, sepultada no dia 19 de setembro.
Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Itamaraty informou à reportagem que a caixa de papelão continha outras três caixas com dois colares e um par de brincos de bijuteria da marca Marré Infinito, pesando, em conjunto, cerca de 200g. A marca mineira diz vender semijoias de luxo, com pedras naturais e swarovski.
No último dia 11, depois de questionada pelo Metrópoles, a assessoria de Michelle afirmou que a caixa com as joias não era da primeira-dama e que foram trazidas ao Brasil por engano. A assessoria explicou que o objeto seria um presente de um anônimo para o então príncipe Charles, e que foi devolvido à embaixada.
O Itamaraty afirma que após devolvido, o objetivo foi enviado novamente para a embaixada do Brasil em Londres no dia 29 de setembro, e chegou ao local no dia 5 de outubro. Conforme o ministério, como “os itens foram recebidos em um momento de luto nacional, não houve ocasião para sua entrega oficial”. “Os objetos encontram-se na Embaixada do Brasil em Londres”, informou.
O caso
No mês passado, questionada sobre as informações que constam em relatório dos ajudantes de ordem, a equipe de Michelle alegou que houve um equívoco no relato, e que, na verdade, o objeto não tinha sido esquecido na embaixada.
A assessoria afirmou que as joias seriam “um adereço de pescoço, aparentemente de fabricação artesanal”, que teria sido entregue a uma assessora de Michelle em Londres por uma pessoa que se encontrava em uma multidão em um local por onde passaria o ex-casal presidencial.
“A dinâmica de movimentação das comitivas é muito acelerada e, portanto, a assessora, num gesto de gentileza e consideração, apenas recebeu o embrulho e o levou para Embaixada do Brasil para que, posteriormente, fossem adotadas as medidas cabíveis pelos servidores responsáveis”, justificou. Diante do forte esquema de segurança, no entanto, não foi possível entregar o presente à realeza.
A equipe de Michelle Bolsonaro afirmou que, “ao que tudo indica”, um membro da comitiva responsável por checar os aposentos “teria pegado o embrulho e trazido para o país supondo pertencer à primeira-dama ou a algum outro membro da comitiva que a acompanhava”.
Já no Brasil, segundo nota, quando as assessoras de Michelle receberam o pacote e perceberam que foi trazido por engano, elas o entregaram a um diplomata que servia à presidência e pediram para que o objeto fosse devolvido à embaixada do Brasil em Londres via mala diplomática.
Metrópoles