
O filme Não Olhe Para Cima (Netflix), escrito e dirigido por Adam McKay, é uma espécie de “comédia-desastre”, que começa de forma bem divertida. Uma estudante de astronomia (Jeniffer Lawrence) e seu professor (Leonardo DiCaprio) descobrem que um cometa está a caminho de se chocar com a Terra, o que provocará a extinção da vida no planeta.
Quando eles tentam avisar que o mundo está para acabar, descobrem que ninguém quer saber. Estão todos interessados em dar seus likes nas redes sociais e passar 24 horas por dia se sentindo bem, sem ter de enfrentar contrariedades. As piadas são boas, a produção é caprichada, os efeitos especiais muito bons e alguns personagens — como o esquisito magnata Peter Isherwell (Mark Rylance) — realmente engraçados. O elenco é recheado de colecionadores de Oscars, alguns deles desperdiçados em papéis bobos (como Cate Blanchett, no papel de uma âncora de telejornal).

Infelizmente, o filme é longo demais (com 2 horas e 18 minutos). E da metade para o fim escorrega no panfletarismo típico da atual Hollywood. A presidente dos EUA (Meryl Streep) é uma caricatura idiotizada de Donald Trump, os EUA desprezam o resto do mundo e são movidos pelo lucro. Uma cena boba pós-crédito levanta a desgastada bandeira do antirracismo. E o cometa é uma referência (pouco velada) às mudanças climáticas (ou à covid-19, tanto faz). Os direitistas malvados não querem que as pessoas olhem para cima porque são… negacionistas. Mesmo assim, vale a pena. Algumas cenas chegam a ser tocantes, como a “última ceia”, que reúne os heróis. A edição nervosa e criativa é outro destaque positivo.
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